sábado, 17 de setembro de 2011

Sobre pessoas, intimidade e desapego

Recebi de uma amiga, um texto falando sobre amor e companhia e aí resolvi compartilhar com vocês todas e ao mesmo tempo, minhas prezadas amigas, as conhecidas maravilhas de viver relações íntimas, desapegadas e ao mesmo tempo profundas e cúmplices.

De fato, o modo como escolhemos nos relacionar, não é para se divulgar aos quatro ventos, porque a cultura vigente em nossa sociedade judaico-cristã, impõe uma série de regras e dogmas que no nosso entendimento mais afastam e criam litígios do que qualquer outro sentimento.

Lembremos que nesses anos todos, nunca brigamos, nunca discutimos a relação, nunca cobramos fidelidade, apenas cultivamos um profundo respeito recíproco e uma liberdade responsável como forma suprema de usufruirmos em plenitude o que cada um tem de melhor.

Nesse particular ressaltemos que o sexo, como expressão física, nem sempre precisa acontecer e sempre que acontece, é de uma forma tão natural, um complemento da boa conversa, da troca de carícias e da maravilhosa liberdade de compartilhar a nudez, que tanto apreciamos. Um momento de se desamarrar de todas as limitações castrativas, moralistas, religiosas, hipócritas e convencionais que regem ainda a maioria dos comportamentos humanos.

Recordo também que a aproximação entre nós foi um processo cultivado, desatador dos nós e resistências, de reprogramação comportamental, porque foram rompidos os vínculos e estabelecidos laços tênues de respeito e aconchego que as relações convencionais em sua grande maioria não oferece.
Enfim, nosso relacionamento é feito com base na nossa integridade, na humanidade que vivemos e tem como propósito supremo nos tornar cada vez mais inteiros.

Ajudou muito também na vida pessoal daquelas que são casadas, para que a pressão advinda de um relacionamento a dois, convencional, não comprometesse a estabilidade individual e para que não houvesse ruptura. Algumas de vocês têm filhos, compromissos materiais vinculados, estruturas familiares complexas, heranças, patrimônio, nome e outras questões próprias de uma sociedade estruturada e cheia de dogmas e regras. Tem sido muito legal para as solteiras, por opção, que resolveram investir na carreira ou nos estudos, sem tempo que possa ser dedicado a uma rotina doméstica.

Quebrar tudo isso externamente pode ser de uma complexidade e de um nervosismo desgastante. Então a quebra foi interior, uma desprogramação lenta e gradual que trouxe proximidade e intimidade numa proporção saudável.

Nós não precisamos de nada de forma contínua e repetitiva, nada. Tudo que é feito assim traz desgaste e aí, tudo que foi construído em conjunto, desmorona, traz desconforto material e social, absolutamente desnecessários.

A liberdade individual compartilhada nos proporcionou crescimento interior, desapego e autoridade sobre nós mesmos e abriu nosso entendimento sobre as limitações do outro e as nossas.

Interessante lembrar também, que não nos tornamos amantes, no sentido pegajoso do termo, mas amados. Não regramos nossos encontros pelo calendário, mas como se a vida funcionasse como um grande carrossel e cada vez que nos encontramos, tiramos o melhor e mais nutritivo proveito. Se alguma vez fomos vistos juntos, não houve nenhum constrangimento, pois nos portamos exteriormente como bons amigos, na melhor acepção do termo, não há a menor necessidade de demonstrações públicas ou viés de escândalo. Nenhuma troca lânguida de olhares. Até nos comportamos como desconhecidos se a situação externa assim necessitar. Não há sentimento de posse.

Sabemos também que não somos perfeitos e que de maneira alguma se nos tornássemos cônjuges teríamos alguma felicidade extra a longo prazo. Já vivi isso e muitas de vocês também. O clima de posse, a acomodação e a exposição contínua contribuem para o distanciamento e a repetitividade.

Descobrimos que o segredo da galinha dos ovos de ouro é saber esperar pelo único ovo de ouro diário sem cobiça e sem pressa para que ela viva para sempre. E que diário, não é um período de 24 horas lineares de relógio, mas um momento especial que deve ser vivido em plenitude. Somos leves.

E que sabemos o significado das metáforas tanto quanto das maravilhosas experiências pessoais que temos vivido.

Nossos momentos de sensualidade, conversa, carícias, silêncio, cumplicidade e liberdade nos ensinam muito sobre quebra de preconceitos, desapego, companheirismo e felicidade interior verdadeira. Tem sido um bálsamo para que possamos viver o dia-a-dia e todas as suas mazelas, ao lado de gente que vive linearmente, que quer resolver tudo com ansiedade, disputa, conquista e glórias efêmeras.

Sim, queridas, somos felizes por compartilharmos, por permitirmos, por vivermos momentos que nos dizem respeito, centrados, leves e nutritivos e cujas portas estão sempre abertas.

Uma confraria sem hierarquia, sem reuniões, sem atas, sem donos, um maravilhoso encontro cósmico que acontece sempre que o universo conspira, um trampolim para que voltemos ao mundo dos rótulos, sem que ninguém perceba.
A expressão mais suave e profunda de amor.

Um beijo para todas vocês.